top of page
Buscar

De que forma a consultoria em psicologia escolar pode auxiliar as escolas diante das manifestações d


Quando conversamos com educadores sobre manifestações de sexualidade dentro da escola, inúmeros relatos de situações embaraçosas para os educadores são compartilhados. Percebemos um sentimento comum: “Não sabia o que fazer e acabei mostrando que reprovava a brincadeira da criança e mudei o foco para outra atividade”.

A sexualidade infantil já foi reconhecida há bastante tempo, especialmente com os estudos freudianos, e há, aos poucos, uma iminente aceitação pelos adultos de que ela existe e pode ser manifestada com naturalidade. Essa progressiva aceitação está relacionada, em grande parte, ao entendimento de que uma reação que demonstre surpresa ou reprovação do adulto pode transmitir para criança um olhar negativo sobre a sexualidade e possíveis traumas. Ou seja, a criança pode crescer com a ideia de que sentir prazer é proibido e errado.


Embora haja esse conhecimento, as manifestações sexuais das crianças trazem certo desconforto para os adultos. Na escola, esse desconforto pode ser ainda maior, pois é um ambiente menos privado que a casa, onde os pais irão manejar a situação de acordo com suas crenças e conhecimentos pessoais sobre o assunto.


A escola é um espaço compartilhado com mais crianças e adultos, e requer que os educadores tenham preparo para intervir quando percebem que a criança está se tocando, tocando o outro ou fazendo perguntas com contexto sexual mais direto, como, por exemplo, curiosidades sobre a origem da vida. Além disso, há também que se ter bastante cuidado com a forma com que o trabalho da escola nesse âmbito é transmitido para as famílias, já que há muita diversidade na forma como os pais encaram essa questão. Ou seja, esse é mais um tema que a escola precisa pensar do ponto de vista pedagógico , sempre respaldada em conhecimentos e na ética.


Sendo assim, o psicólogo escolar, através de uma consultoria à equipe de profissionais da escola, pode trabalhar no sentido de auxilia-lá a compreender os sentimentos provocados pelas manifestações de sexualidade das crianças e de que forma eles influenciam as suas atitudes diante destas situações. É importante que a equipe escolar pense sobre as suas concepções e crenças a respeito da sexualidade infantil, pois estas estão por trás das ações e manejos realizados no cotidiano do trabalho na escola.


O psicólogo escolar, a partir dos seus conhecimentos sobre desenvolvimento infantil, pode auxiliar a equipe a integrar a sexualidade como mais uma das dimensões constitutivas dos seres humanos, que portanto, deve ser cuidadosamente trabalhada com as crianças.

Neste sentido, os educadores precisam estar atentos para não manifestarem reações de espanto que demonstrem reprovação, muito menos punir a criança pelo ato. Ela está explorando e descobrindo o seu corpo e o mundo, assim como faz com outros objetos materiais ou não materiais (ideias, hipóteses). A grande questão não é julgar se o ato está ou não correto, mas sim ajuda-la a diferenciar o que é público e o que é privado, assim como ajuda-la a cuidar do seu corpo e respeitar o do outro.


Em relação ao trabalho com as famílias, a consultoria em psicologia escolar, pode promover espaços de diálogo entre os pais e a escola, auxiliando a equipe diretiva e os professores a comunicarem para os mesmos qual a concepção da escola acerca da sexualidade infantil e como se posicionam diante desta questão.


Em suma, o psicólogo escolar, através da consultoria, pode trabalhar com todos aqueles que fazem parte do contexto escolar, buscando sempre a qualificação do atendimento a criança e a promoção de ambientes facilitadores para o seu desenvolvimento integral.

Texto escrito por: Eduarda Berao, Ana Paula Machado, Ana Carolina Silveira Stret, Flávia Lemes Matte, Gabriela Dal Forno Martins.

bottom of page