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Refletindo sobre as tão temidas mordidas e as contribuições da Psicologia Escolar




Ao chegar na escola e receber aquele aviso da professora: “Seu filho foi mordido”; ou “Seu filho mordeu”; vem aquela sensação ruim ou aquela preocupação. Como lidar com isso? O que isso quer dizer?


Atitudes como essa são corriqueiras na rotina das escolas de Educação Infantil. Contudo, apesar da sua frequência e naturalidade, a situação ainda desperta dúvidas tanto nos pais como nos educadores. Como proceder com a criança que mordeu? Como contar aos pais ou como receber essa notícia? Como evitar que isso aconteça novamente?


Gabriela Dal Forno Martins, Psicóloga da Zelo Consultoria e Desenvolvimento Infantil esclarece sobre o tema. Ela afirma que é importante que a criança mordida seja acolhida pelo educador, que, além de cuidar do possível ferimento causado pela mordida, deve acalma-la e redireciona-la para a brincadeira. “Como a mordida é mais frequente em crianças pequenas, não é necessário buscar uma “reconciliação” entre as crianças, mas é importante explicar para a criança mordida que morder não é permitido e que isso será dito ao colega”, ressalta. Já para os pais da criança que foi mordida, deve-se sempre informar sobre a situação em que a mordida ocorreu, mas nunca identificar a criança que mordeu, evitando culpabilizações e conflitos.


No caso da “reconciliação”, é preciso refletir se ela é uma necessidade do educador ou das próprias crianças, pois para elas é algo que pode não fazer tanto sentido, além de soar como algo automático ou mecânico. No caso de crianças bem pequenas, a mordida não coloca em questão a relação ou amizade, ou seja, não se trata de um ato intencional que ocorre no contexto de um conflito relacional, mas sim algo pontual, como disputa por brinquedos, por atenção, etc. Caso a intervenção do educador diante da mordida seja a reconciliação através do “pedir desculpas”, a criança pode associar o ato de morder com o consequente pedido de desculpar: “Mordo — peço desculpas. Mordo — peço desculpas”.


Por isso é importante se questionar e refletir sobre por que aquela criança mordeu, o que vai muito além de exigir um pedido de desculpas. Buscar entender como aquele ambiente contribuiu para que isso acontecesse (ex. poucos brinquedos, excesso de barulho) e pesquisar outros fatores que levem a um entendimento maior dessa situação é importante (ex. crianças com muito sono, sem poder dormir). É importante lembrar que, para os bebês, a mordida pode ser usada como uma forma de expressão, como uma tentativa de obter poder e comunicar algo. Por isso é fundamental ajuda-los a se sentirem poderosos de outras formas, oferecendo desafios e possibilitando que possam exercer suas capacidades. Como adulto é imprescindível também supervisionar, principalmente quando as mordidas estiverem acontecendo, ajudando as crianças a encontrarem outras formas de se expressar suas necessidades e desejos, além de manter um ambiente seguro.


Essas reflexões e formas de manejo que foram tratadas anteriormente podem ser acompanhadas e supervisionadas de perto por um Psicólogo Escolar e, se tratando da Consultoria dentro da Escola, esse trabalho pode ser desenvolvido em cada turma, tratando de suas especificidades e particularidades, adaptando e compreendendo as questões da turma em sua singularidade.


A consultoria em Psicologia Escolar vem contribuindo no entendimento e na busca por soluções que visem qualificar o desenvolvimento, a aprendizagem e o bem-estar na escola. As situações difíceis e esperadas de cada faixa etária podem ser atenuadas e compreendidas com um apoio a especializado e adequado, dando suporte e segurança aos educadores infantis para lidarem com essas questões — como no caso das famosas mordidas.

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